Não é de hoje que o tema diversidade e inclusão no ambiente de trabalho permeia o dia a dia das empresas. Seja pelo cumprimento de uma cota ou pelo a consciência social, todo empreendimento sabe a importância de exibir um quadro de colaboradores diversificado e representativo. Mas a pergunta é:
Para entender melhor esse assunto vamos primeiro entender os motivos por traz das políticas de diversidade no ambiente profissional.
De acordo com alguns estudos, como do Instituto Ethos (brasileiro) e da Builtin (Estados Unidos), os números que apontam diversidade e representatividade dentro de ambientes profissionais são desanimadores.
Mulheres, apesar de maioria na população e frequentemente apresentarem níveis de escolaridade e capacitação maiores que os homens, se encontram em desvantagem em relação a eles no meio profissional, e os números só pioram conforme subimos na cadeia hierárquica das empresas.
Negros, que também são maioria na população, apresentam porcentagens ainda menores do que as mulheres em todos os níveis de contratação.
O mesmo ocorre para pessoas do grupo LGBTQIA+, que possuem baixíssima representatividade dentro das organizações e ainda menos ambientes acolhedores culturalmente falando.
Para portadores de deficiência física então, além de raras as contratações, ainda se encontra pouca ou nenhuma infraestrutura que ampare as necessidades deste grupo.
E enquanto todos estes grupos se encontram, na sua maioria, marginalizados pelo mercado de trabalho, vê-se uma predominância avassaladora do perfil homem, branco e hétero, dominar as oportunidades de emprego.
Dados mais específicos levantados pela Layer Up revelam que:
Apenas 2% dos colaboradores das maiores empresas brasileiras são pessoas com deficiência (o mínimo exigido pela lei)
As mulheres representam 58,9% dos estagiários e apenas 13,6% das vagas executivas
As mulheres recebem 70% da massa salarial obtida pelos homens
Não existe um executivo de origem indígena nas empresas analisadas
94,2% dos cargos executivos pertencem a brancos, enquanto apenas 4,7% dos negros ocupam cargos nesse nível
Ou seja, analisando dados e informações de forma geral, é possível entender que ocorre um ciclo de discriminação de determinados grupos em detrimento de outros no meio profissional, que é baseado unicamente no perfil físico apresentado pelos candidatos e pouco parece se ater a suas capacitações profissionais.
É claro que este cenário atual é construído em cima de muitos anos de um comportamento sociocultural inadequado, que tinha a exclusão como sua matriz orientadora, e que apenas recentemente as discussões sociais vem ganhando espaço dentro da nossa sociedade, e o pensamento inclusivo vem se proliferando.
Naturalmente é de se esperar que seja um movimento relativamente lento, crescente e contínuo este da diversidade e inclusão, e que ainda demore algum tempo até podermos considerar o cenário social, principalmente profissional, como equilibrado e indiscriminatório.
Mas o fato de ser gradativo não impede que seja feito, por isso precisamos encarar as deficiências dos nossos sistemas atuais e buscar conhecimento para subverte-las da melhor forma possível. E é exatamente alguns pontos cruciais deste conhecimento que iremos ressaltar a seguir.
Você entende a diferença entre diversidade e inclusão?
De forma bem básica a diversidade é um conjunto de aspectos que diferenciam e assemelham os indivíduos, ou seja, se trata da aplicação social da multiplicidade de características individuais que compõe uma pessoa, e vão desde seu aspecto físico até seu modo de pensar.
Sendo assim, chamamos de diverso o grupo social que apresenta pluralidade, em que os indivíduos são diferentes entre si por uma série de fatores.
Já a inclusão é o que poderíamos chamar de o passo seguinte a diversidade, pois é o momento de integração, é quando você realmente mescla as diferenças do seu grupo e cria diversos níveis de interação, onde cada um tem a oportunidade igualitária de transparecer suas particularidades em prol de realizar algo.
Como exemplo, vamos pensar aqui em duas produções audiovisuais da Marvel:
Primeiro temos o filme Eternos, que é um filme que apresenta um time de personagens diverso, onde elas possuem etnias diferentes, orientações sexuais variadas, aspectos físicos plurais e várias outras características fortes, porém essas características tem pouquíssima relevância na trama, principalmente considerando que as personagens não são humanas, ou seja, se qualquer uma dessas características fosse alterada entre eles, não haveria impacto na narrativa.
Segundo, temos a série televisiva, Ms. Marvel, onde você tem diversidade entre os personagens, que são cultural e etnicamente diferentes, e estes são expostos a uma série de acontecimentos que vão do cotidiano ao extraordinário, de uma forma inclusiva, porque traz o contexto histórico e cultural destes personagens de forma relevante pra história, logo, essas características não poderiam ser simplesmente alteradas, sem mudar todo o sentido da trama.
De forma geral, este é o movimento que marca a passagem de uma personagem que cumpre uma cota de diversidade, para uma que realmente traz representatividade e visibilidade, que está inserido no mesmo espaço que os demais e que vai além da superficialidade de um traço “incomum”.
Pensando em um ambiente profissional e trazendo esse exemplo mais para nossa realidade cotidiana, uma empresa é 100% capaz de ser diversa, sem ser inclusiva, e este erro é mais comum do que parece.
Imagine, uma empresa A, de grande porte, presta serviços presenciais de atendimento a clientes. Em determinada pesquisa ela apresenta dados de diversidade entre seus colaboradores que são relativamente altos, porém ao observar sua equipe de vendas, que possui o contato direto com clientes, essa diversidade não se encontra aparente, apenas ao analisar setores administrativos da empresa, e cargos mais baixos, é que é possível notar a pluralidade atestada na pesquisa. Logo, concluímos facilmente que essa empresa pode ter diversidade no seu quadro de colaboradores, mas ela não possui inclusão.
Não basta ser diverso, é preciso ser inclusivo.
É comum que na tentativa de construir uma imagem de engajamento social para sua marca, empreendedores acabem atropelando várias etapas de preparação do seu ambiente profissional pelas quais uma empresa deve passar antes de obter este status. E é neste momento que o tato e o planejamento estratégico do profissional de Recursos Humanos devem se fazer presentes, da contratação do colaborador, garantindo foco nas competências profissionais dos candidatos, até a gestão do clima cultural da empresa, garantindo inclusão e respeito para todos.
O colaborador deve adentrar um ambiente acolhedor, livre de preconceitos e discriminações, que seja seguro para expressar suas habilidades e sua personalidade, por isso é muito importante que a cultura da empresa reflita os ideais de diversidade e inclusão, e que todos os colaboradores reconheçam e apliquem as normas desta cultura.
Inserir um profissional em um ambiente não preparado pode levar a diversos danos emocionais ao indivíduo e agir com superficialidade nas adequações sociais da empresa pode causar uma repercussão muito negativa para sua reputação.
Hoje existem diversos métodos para tornar uma empresa mais inclusiva da forma correta, que vão desde consultorias a automatização dos processos seletivos. O importante é garantir que o discurso esteja alinhado com as ações e implementar de fato os ideais que se diz ter.
Não é fácil transpor vícios comportamentais tão antigos quanto o ciclo de contratar e promover apenas aqueles que se assemelham a você, mas é preciso fazê-lo em nome da transformação social e para o próprio bem da empresa.
Afinal é comprovado que ambientes diversos são mais produtivos, criativos e eficientes, podendo ter até mesmo impactos positivos no lucro final da empresa, como aponta um estudo da McKinsey de 2018 onde 43% das diversas companhias pesquisadas notaram um aumento significativo de seus lucros, com uma média de 2.3 vezes maior fluxo de caixa, segundo Bersin em 2015. E além disso aumenta muito as chances de atração e retenção de alguns talentos, uma pesquisa da Harvard Business Review por exemplo revelou um aumento de 17% no engajamento de colaboradores dentro do ambiente profissional e dispostos a irem além das suas responsabilidades, e a pesquisa mostrou também que o número de conflitos chega a ser 50% menor que nas outras empresas.
De forma geral podemos entender que trabalhar em um ambiente que acolhe as diferenças favorece o aprendizado, instiga os colaboradores a arriscarem mais, e aumenta as chances de atingir melhores resultados em suas funções, pois inspira segurança e respeito, o que impacta diretamente na valorização destes profissionais. Pessoas diferentes trazem experiências e ideias diferentes e é assim que novos conhecimentos são produzidos.
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